A subordinação do Filho não significa que sua Divindade seja categoria inferior.

A subordinação do Filho não significa que sua Divindade seja categoria inferior.
por João Calvino
A objeção que fazem, quando dizem que se Cristo é Deus, não tem sentido dizer-se que Ele é o Filho de Deus, pois, neste caso, estabelece-se comparação de uma pessoa com outra (na divindade), caso em que não se toma o termo Deus sem dar-lhe um sentido particular. Ao contrário (nesse caso) o sentido do termo Deus restringe-se ao Pai, por ser Ele o princípio da deidade - não com se confesse essência ao Filho e ao Espírito, como afirmam os fanáticos -, mas por causa da ordem hipostática. E nesse sentido que se tomam as palavras de Cristo em relação ao Pai: "Esta é a vida eterna que creiam em Ti(como) o único Deus verdadeiro e em Jesus Cristo, a quem Tu enviaste" (Jo 17.3). Ora, na condição de Mediador, Cristo mantém uma posição intermédia entre Deus e os homens, porém, nem por isso sua majestade é diminuída! Pois ainda que se tenha esvaziado a Si Mesmo (Fl 2.7), contudo, sua glória - que esteve escondida do mundo -, Ele não a perdeu junto ao Pai. Por isso o Apóstolo, na Carta aos Hebreus (1.10 e 2.9), embora reconheça que Cristo tenha sido diminuído à condição de inferioridade em relação aos anjos, não hesita, entretanto, ao mesmo tempo, em afirmar que Cristo é o Deus eterno, que lançou os fundamentos do céu e da terra! Devemos, portanto, sustentar que todas as vezes que Cristo, na qualidade de Mediador, se dirige ao Pai, a sua divindade está compreendida no designativo Deus, que traduz também a divindade do próprio Cristo. Assim, quando Cristo dizia aos Apóstolos: "Convém que Eu suba ao Pai, porque o Pai é maior do que Eu" (Jo 14.28 e 16.7), não está atribuindo a Si Mesmo uma divindade secundária - como se fosse inferior ao Pai no que respeita a essência eterna -, mas diz isso porque, Mediador que possui a glória celeste, diz com que os fiéis participem dessa glória! Coloca o Pai em posição superior até onde a notável perfeição de esplendor, que se patenteia no céu, difere desta medida da glória que se manifestou nEle, quando revestido da carne. E Paulo, pela mesma razão, diz em outro lugar (1 Co 15.4,28) que Cristo haverá de entregar o Reino ao Deus e Pai, para que Deus seja tudo em todas as coisas"
Nada é mais absurdo do que despojar Cristo de sua perpétua divindade. Ora, se Cristo nunca deixará de ser o Filho de Deus, mas, ao contrário, permanecerá sempre o mesmo como foi desde o princípio, concluímos que, sob o nome de Pai, compreende-se a essência única e Deus, essência que é comum a ambos, Pai e Filho! E, de fato, Cristo desceu até nós para, elevando-nos até o Pai, nos elevasse a Si Mesmo ao mesmo tempo, porque Ele é um com o Pai! Portanto, não é justo nem restringir o termo Deus exclusivamente ao Pai, negando-o ao Filho! Aliás, João, por esta mesma razão, afirma que Jesus é o verdadeiro Deus (Jo 1.1,20) e nem pensa situá-lo num segundo grau de deidade, abaixo do Pai. Fico perplexo com o que pretendem esses fabricantes de novos deuses quando, depois de confessarem a Cristo como verdadeiro Deus, prontamente o excluem da deidade do Pai! E fazem isto como se uma divindade infundida de outra parte fosse outra coisa senão uma imaginação.
Fonte: Institutas, livro 1, cap. 13, pág. 35

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